Violência Policial contra estudantes da UFMT



Um grupo de estudantes entrou em confronto com policiais militares na tarde desta quarta-feira (6), durante um ato de manifestação para evitar o despejo de 50 alunos das Casas do Estudante Universitário (CEU). Segundo estudantes presentes na manifestação, mais de dez estudantes teriam ficado feridos no combate. Seis foram levados para o Cisc Planalto.

Os estudantes protestavam na avenida Fernando Correa da Costa, nas proximidades da loja Planeta City Lar, onde há um desvio das Obras da Copa do Mundo. De acordo com alguns estudantes, os policiais começaram a atirar balas de borracha sem aviso prévio.

“Nós fechamos uma rua, mas não tocamos em nenhum carro, não houve baderna nenhuma”, contou Celly Alves, estudante de Comunicação Social da UFMT. De acordo com a universitária, teve aluno que levou tiros de bala de borracha no rosto e mesmo assim foi preso. “Foi terrorismo”, resume a aluna. Alguns estudantes não exitam em apontar a própria reitoria da UFMT como autora de ordem para a agressão contra os estudantes.

“Os policiais chegaram a mando da reitoria e agrediram os estudantes. Eles levaram pelo menos seis presos e pelo menos dez ficaram feridos”, disse Raysa, membro do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em entrevista por telefone ao Olhar Direto.

A Assessoria de Comunicação da UFMT afirmou que a universidade irá emitir, em breve, um comunicado oficial sobre o ocorrido. A Polícia Militar também não se manifestou até o momento.

O protesto dos estudantes é pela criação de novas unidades da Casa do Estudante. As existentes estão superlotadas e a reitoria da UFMT já informou que vai despejar os excedentes até o dia 22 de março.

17h49 - Dois dos seis alunos que foram detidos estão feridos e algemados no Cisc Planalto. Caiobi Kuhn está com pelo menos catorze marcas de disparos de bala de borracha no peito e está sangrando, junto com ele está Sérvulo Neuberger, Gabriel Gomes, Rodrigo "Carioca", Walter e Murilo Mendes. Segundo informações dos manifestantes, Murilo não estava participando da manifestação, mas apenas fotografando o ato. 

A advogada da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat), Ioni Ferreira Castro, está no local, mas foi impedida de acompanhar os depoimentos dos estudantes e retirada, juntamente com o jornalista do Olhar Direto, da sala de confecção do Boletim de Ocorrência. 

Cerca de 10 estudantes e professores da UFMT estão na delegacia preocupados com os estudantes detidos e aguardando informações. 

18h29 - UFMT divulga nota sobra à agressão sofrida pelos alunos da instituição, leia a integra do documento. 

Direção da UFMT e Faculdade de Direito acompanham estudantes detidos no Cisc do Planalto

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) lamenta o ato de violência que resultou no ferimento e na detenção de estudantes que faziam manifestação na tarde desta quarta-feira (06), na avenida Fernando Correa, próxima ao Campus, em Cuiabá. Na ação da polícia, parar a manifestação, seis alunos foram detidos e pelo menos seis ficaram feridos. A pró-reitora de Assistência Estudantil da UFMT, assim que acionada, dirigiu-se, de imediato, até o local e interveio junto ao comando da operação em defesa dos estudantes. Em seguida deslocou-se até a Reitoria, onde um grupo de manifestantes se encontrava reunido com o vice-reitor João Carlos de Souza Maia. “A manifestação começou dentro do campus, pacificamente”, observa ele. “A prioridade agora é verificar as condições de saúde e providenciar para que sejam liberados”, frisou. Ao mesmo tempo uma equipe da UFMT acompanhava os feridos que foram levados ao Pronto Socorro da Capital, e o prefeito do Campus, Paulino Simão de Barros dirigiu-se ao Cisc do Planalto, para onde os estudantes foram conduzidos. A pró-reitora de Ensino de Graduação, Irene Melo, e a de Assistência Estudantil, Myrian Serra, se deslocaram também para lá juntamente com representantes dos acadêmicos. Nesse momento, também o vice-reitor se encontra no local acompanhando diretamente o boletim de ocorrência junto com professores e dirigentes da Faculdade de Direito que acompanharão os encaminhamentos policiais em defesa dos estudantes.


23h09 - O estudante Caiobi Kuhn acaba de ser liberado pelos policiais e passará por exâme de corpo de delito. O universitário foi o primeiro a concluir o depoimento. O rito se repetirá com os demais alunos detidos, todos estão comlesões e passarão por exâme.

Primeiro a ser liberado, Caiobi Kuhn narra que foi alvejado com cerca de 14 tiros de arma não-letal em um momento em que a manifestação já rumava para o fim. De acordo com ele, o ato estava em dispersão no momento da agressão. "Eu estava com as mãos atrás da cabeça e tentei negociar com os policiais e eles atiraram em mim", narra.

Tamanha foi a confusão que a Polícia Civil teve de convocar às pressas mais escrivães para agilizar os depoimentos. 

Vídeo das agressões

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